Você implantou e-Learning, escolheu o melhor LMS, comprou alguns cursos de prateleira e agora, com a demanda por cursos on-line aumentando, você precisa de um profissional para te ajudar a desenvolver treinamentos engajadores a um custo mais razoável. Então você precisa contratar um Designer Instrucional.
Neste post, vou te ajudar a encarar esse processo de seleção!
#1 – Tenha clareza
Em primeiro lugar você precisa ter clareza da vaga e das tarefas que o Designer Instrucional vai exercer na sua equipe, nem sempre a área de RH tem conhecimento sobre essa profissão ou um Job Description pronto, então você, como gestor ou gestora dessa pessoa deve elaborar algo como no exemplo abaixo:
#2 – Defina o Job Description
Aqui está um exemplo de Job Description do Designer Instrucional para te ajudar:
Responsabilidades
– identificar necessidades de treinamento;
– criar atividades de aprendizagem engajadoras;
– elaborar roteiros para e-learning;
– validar soluções de treinamento on-line de terceiros;
– implementar soluções completas de aprendizagem, envolvendo as etapas de análise, desenho, desenvolvimento e logística;
– avaliar efetividade das ações de treinamento;
– propor melhorias no processo interno de design instrucional.
Requisitos obrigatórios
– experiência anterior de, no mínimo, 12 meses;
– excelente conhecimento em andragogia e modelos de design instrucional;
– conhecimento na ferramenta de autoria Captivate
– formação superior em Design Instrucional.
Requisitos desejáveis
– conhecimento em gestão de LMS ;
– nível intermediário em Inglês (leitura e conversação)
Possibilidade de Trabalho remoto: (x) sim ( ) não
Responde para: Coordenador de Treinamento
Responsável por: sem equipe direta
Sugiro que você consulte a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho, lá você encontra toda a descrição das atribuições do Designer Instrucional.
#3 – Analise os Currículos Candidatos
Depois de publicar a vaga, você certamente receberá muitos currículos e portfólios. Analise cuidadosamente cada um e, o mais importante: avalie como o candidato aplicou o design instrucional no material enviado.
Considere alguns critérios, como: design, criatividade, qualidade da escrita e aderência ao perfil que você busca.
#4 – Atente-se ao Perfil do Profissional
Fique atento a algumas competências inerentes ao exercício de profissão e ao contexto da sua organização e defina o quão relevante cada uma delas é para a sua organização e para fazer parte de seu time.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, o profissional de 2020 deve apresentar as seguintes competências (nessa ordem de importância):
- Resolução de problemas complexos
Vivemos um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) e o profissional precisa estar atento a isso e fazer parte da solução.
- Pensamento crítico
Analisar um problema considerando diferentes pontos de vista, fazendo as perguntas certas e com comunicação clara.
O designer instrucional é o ponto central no desenho de soluções, é ele quem se comunica com os diferentes atores do processo, logo essa competência é extremamente importante.
- Criatividade
Buscar soluções e não empecilhos.
Segundo Murilo Gun, especialista em criatividade, o lance é usar a combinatividade, ou seja, combinar diferentes coisas já existentes; e para colocar a criatividade em prática é preciso ter repertório, por isso busque saber do candidato qual o repertório dele.
- Gestão de pessoas e talentos
Se a empresa possui um plano de carreira para o profissional e pretende desenvolvê-lo, é importante observar se o candidato tem essa característica.
- Coordenação e facilitação de processos
O processo de design instrucional pode ser longo e envolver muita gente, dependendo do papel que treinamento tem na organização (atividade-fim ou atividade-meio), assim é importante que o profissional, mesmo em início de carreira, aponte para essa competência.
- Inteligência emocional
Escuta ativa, disposição para ajudar, ter autocontrole…
- Capacidade de julgamento e tomada de decisão
Aplicação das competências 1, 2 e 6.
- Orientação para servir
O trabalho em equipe requer serviço, e o designer instrucional não faz nada sozinho…
- Negociação
Saber argumentar e negociar com stakeholders envolvidos no projeto (cliente, fornecedor, conteudista, aluno, gestores etc).
- Flexibilidade cognitiva
Aprender, desaprender e reaprender.
#5 – As perguntas da Entrevista
Vou deixar alguns exemplos de perguntas aqui, mas você pode – e deve – adaptá-las à realidade da sua empresa, ao cargo e à natureza do trabalho na sua equipe.
Questões relacionadas às tarefas
- Como você mede a eficácia de um treinamento?
- Como é o seu relacionamento com os conteudistas?
- Como você lida com conteudistas difíceis?
- Qual o seu nível de conhecimento sobre a ferramenta de autoria x?
- Fale sobre o seu processo de design instrucional.
Questões comportamentais
- Fale sobre um projeto difícil que você desenvolve. Como superou os desafios?
- Você já trabalhou em outra função que não Designer Instrucional? Se sim, como isso ajudou a construir sua carreira como DI?
- Fale sobre um projeto bem sucedido que participou. Quais os resultados percebidos pela organização impactada?
Questões situacionais
- Considerando que precisamos desenvolver um curso rápido para ensinar os funcionários a utilizarem um novo software, você desenharia soluções distintas para o pessoal técnico e não-técnico? Por quê?
- Quais recursos você utilizaria para deixar um curso teórico mais interessante?
- Temos o desafio de criar um e-learning sobre o assunto x, considerando a Taxonomia de Bloom, qual domínio de aprendizagem você utilizaria?
#BÔNUS: O que não fazer
Há algumas más práticas no mercado como:
– não divulgar o valor do salário.
Desculpem empresas, amamos o que fazemos, mas temos contas a pagar. Já ouvi casos de pessoas que participaram de várias fases do processo para no, final, descobrir que o salário era muito baixo (principalmente considerando os requisitos exigidos).
– convocar candidatos para elaborarem propostas pedagógicas e usar esse material internamente.
É comum que algumas empresas apresentem desafios aos candidatos (necessidades reais da empresa) e peçam que eles desenhem soluções para que sejam utilizadas depois, algo como um brainstorm ou consultoria gratuita.
Na minha opinião isso é desrespeitoso e antiético!
Tenha em conta que o candidato pode vir a ser um cliente de sua empresa e, ainda que isso não aconteça, o processo de seleção passa a imagem da empresa… qual a imagem que sua empresa deseja transmitir?
Esse post não pretende encerrar o tema de seleção de designers instrucionais, mas te dar alguns inputs para iniciar essa contratação.
E, se você chegou até aqui, recomendo esse post também: Salário do Designer Instrucional e mercado de trabalho
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