Formatos e Estratégias de Aprendizagem para sair do óbvio

Conheça alguns formatos e estratégias de aprendizagem que nem sempre são cogitados no desenvolvimento de soluções educacionais.

Uma das características mais importantes para quem trabalha com Design Instrucional é ter a mente aberta ao novo. Aqui, “novo” não significa estar aberto às tecnologias da moda —  até porque elas podem não ser a solução ideal para seu projeto.

As tendências do mercado podem ser uma armadilha, já que desconsideram fatores importantes como o contexto,  o nível de maturidade da empresa e a cultura de aprendizagem que existe naquele cenário.

Lembrando que tendências são, naturalmente, mais caras, então, se a organização não está preparada para determinada solução, elas podem trazer prejuízo financeiro.

Isso significa que, para sair do óbvio, você não precisa seguir tendências.

Pelo contrário, existem formatos e estratégias de aprendizagem que estão há anos no mercado, mas que não são sempre vistas como alternativa.

Pensando nisso, este artigo vai abordar 4 Formatos e 4 Estratégias de Aprendizagem que vão te tirar da mesmice na entrega de soluções de aprendizagem online.

Qual é a diferença entre Formatos e Estratégias de Aprendizagem?

Não podemos falar sobre formatos e estratégias sem antes entender qual é a diferença entre eles.

De forma resumida, as estratégias de aprendizagem podem ser utilizadas independente do formato. Por outro lado, os formatos podem conter uma ou mais estratégias de aprendizagem.

Se ficou confuso, não se preocupe. Os exemplos abordados a seguir vão clarear essa definição para você.

4 Formatos de Soluções de Aprendizagem para sair da mesmice

Como falamos acima, esses formatos não são novidades tecnológicas, mas nem todo Designer Instrucional os consideram ao receber uma demanda de treinamento.

#1 – Vídeo Interativo

O que é?

O aluno pode interagir com o vídeo a partir de áreas clicáveis, revelando informações, avançando para outro ponto do conteúdo ou acionando outro vídeo.

Em outras palavras, ele tem o poder de decisão que muda o rumo da história, conforme as escolhas feitas ao longo do vídeo.

Se você já assistiu “Bandersnatch” (o filme do Black Mirror) ou “Carmen Sandiego: Roubar ou Não Roubar” no Netflix, sabe do que estou falando.

Se não, você pode assistir a esse exemplo da Deloitte e a esse outro sobre como funcionam as conexões neurais.

Quando usar?

Essa é uma solução recomendada para situações em que, para alcançar o objetivo de aprendizagem, o apelo visual é mais importante do que o texto.

Por exemplo, seu curso é sobre assédio e você precisa mostrar qual atitude está em compliance com os valores da organização.

Domínio e Níveis de Aprendizagem

  • Cognitivo | Aplicar, Analisar, Avaliar
  • Afetivo | todos os níveis
  • Psicomotor | Imitação e Manipulação ou Percepção e Preparação


Clique aqui para saber mais sobre Domínio e Níveis de Aprendizagem.

#2 – Infográfico Animado

O que é?

Representação visual com recursos interativos, tornando a apresentação de dados, fatos, números e estatísticas mais atraentes.

Esse é um formato que não requer grandes investimentos em ferramentas.

Veja este exemplo desenvolvido pela Mobiliza na ferramenta Applique. Ah! E se você é fã dos Beatles, com certeza vai querer checar este infográfico animado.

Quando usar?

Quando há um padrão de repetições de algumas informações, como: datas, eventos, percentuais, números.

Domínio e Níveis de Aprendizagem

  • Cognitivo | Conhecimento e Compreensão
  • Afetivo | Recepção
  • Psicomotor | Percepção 

#3 – Mentoria / Coaching

O que é?

Mentores e coaches compartilham seus conhecimentos com base em sua experiência em determinado setor (saúde, aviação, farmacêutico), em determinada área (marketing, finanças, treinamento), ou qualquer outra habilidade que agregue valor.

Quando usar?

Enquanto a Mentoria é focada no Desenvolvimento a longo prazo, o Coaching foca no desempenho imediato.

Elas podem ser utilizadas sempre que o intuito seja aplicar o método “70, 20, 10”, 70% de aprendizagem prática, 20% social e 10% com treinamentos formais.

Isso significa que ambas podem ser utilizadas em um Blended Learning, por exemplo, e recomenda-se que sejam aplicadas quando os líderes são o público-alvo.

#4 – Curadoria de Conteúdos

O que é?

Processo de pesquisa, seleção e disponibilização de materiais de terceiros no intuito de gerar valor com a soma desses conteúdos.

Você pode trabalhar com materiais externos ou usar o conhecimento interno da organização, ou seja, dos próprios funcionários para atingir o objetivo de aprendizagem.

Quando usar?

Você pode pensar na curadoria de conteúdos quando os prazos para desenvolvimento são curtos e/ou o orçamento é baixo.

Pode ser usado em projetos de diferentes níveis de aprendizagem.

Benefícios da curadoria de conteúdos para EAD

  • Utiliza recursos de forma mais efetiva
  • Provê múltiplas perspectivas
  • Favorece a contextualização
  • É uma forma mais rápida e barata de oferecer conteúdo
  • Respeita as necessidades dos alunos
  • Assegura a qualidade dos conteúdos
  • Encoraja a reflexão
  • Protege os direitos autorais
  • Agrega valor instrucional
  • Evita o desperdício de tempo dos alunos

Fonte: Como preparar conteúdos para EAD de Andrea Filatro, pág. 58

Acesse a Lista de Ferramentas do Designer Instrucional para descobrir quais você pode usar para cada formato.

4 Estratégias de Aprendizagem que estão na boca do povo

Apesar de estarem na boca do povo, nem todo mundo faz um bom uso dessas Estratégias de Aprendizagem.

Lembrando que você pode usar essas estratégias em qualquer formato, inclusive os quatro que mencionei mais acima.

#1 – Storytelling

O que é?

Storytelling é a narração de uma história que permite a apresentação do conteúdo de forma contextualizada e imersiva.

Um erro bem comum é inserir uma história no curso e considerar isso como Storytelling.

Se ainda parece confuso, dá uma olhada nesse exemplo de um curso sobre Process Management (Gestão de Processos).

Nesse exemplo, a história é uma analogia entre processos de sobrevivência e o tema do curso.

Quando usar?

Use o storytelling para engajar o aluno no tema abordado de forma lúdica. Apresente o conteúdo enquanto o participante é envolvido pela narrativa, pelos personagens e pela história.

Domínio e Níveis de Aprendizagem

  • Cognitivo | Conhecimento, Compreensão, Análise
  • Afetivo | todos os níveis
  • Psicomotor | Percepção e Preparação

#2 – Cenários

O que é?

Representação visual com recursos interativos, tornando a apresentação de dados, fatos, números e estatísticas mais atraentes.

Em outros termos, você vai apresentar uma situação real e pedir para que o aluno escolha a forma correta de reagir a ela.

No exemplo desse e-learning sobre o Sistema de Justiça Criminal para advogados, o aluno é apresentado a casos com características reais e precisa decidir se a pessoa é culpada ou inocente.

Quando usar?

Use aprendizagem baseada em cenário quando for preciso colocar o aluno em situação de tomada de decisão para facilitar a assimilação de conceitos.

Domínio e Níveis de Aprendizagem

  • Cognitivo | todos os níveis
  • Afetivo | todos os níveis 
  • Psicomotor | Percepção 

#3 – Gamificação

O que é?

Segundo Karl Kapp, “gamification é a utilização de mecânica, estética e pensamento baseados em games para engajar pessoas, motivar a ação, promover a aprendizagem e resolver problemas”.

Na prática, a Gamificação é a utilização elementos de jogos em ações de aprendizagem, mais especificamente, esses 4 Elementos: Metas, Regras, Feedback e Recompensa.

Veja este exemplo sobre organização de tarefas.

Quando usar?

Quando você precisa engajar pessoas, motivar a ação, promover a aprendizagem e resolver problemas.

#4 – Metodologias Ativas

Existem diversas metodologias ativas, mas aqui vou abordar sobre 4 delas.

1ª)  Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) — funciona de forma bem literal, ou seja, ela é o oposto da sala de aula tradicional.

Aqui, o aluno acessa o material virtualmente, estuda e, em encontros síncronos, tem a oportunidade de praticar e debater aquele assunto.

2ª) Instrução por Pares — primeiro apresenta-se o conceito para os alunos, depois há um rápido teste para identificar se eles absorveram o conceito. Então, o instrutor compartilha os resultados e define o que virá a seguir.

Se o número de pessoas que não entenderam for a maioria, há uma revisão do conceito.

Se o índice foi médio, então divide-se o público em pares para discutir o tema até que cheguem a um consenso.

Se estiver tudo certo, então você finaliza a explicação e avança para o próximo tópico.

3ª) Aprendizagem baseada em problemas —  você levanta hipóteses que poderiam solucionar determinado problema. Essa metodologia é aplicada em 7 etapas:

  • Discussão de um caso
  • Identificação das perguntas
  • Brainstorming
  • Análise dos resultados do brainstorming
  • Definição de tarefas e objetivos de aprendizagem
  • Estudo do tema
  • Síntese dos resultados + soluções + reflexões

4ª) Aprendizagem baseada em projetos —  Em 4 etapas, você discute um problema, pensa em soluções, identifica qual é a melhor e a implementa:

  • Compreensão do problema
  • Projeção de soluções
  • Prototipação
  • Implementação da melhor solução

Todos os formatos e estratégias podem se misturar quando desenvolvemos soluções de aprendizagem.

Você não precisa de formatos e estratégias complexas e caras. Como Designer Instrucional, é importante saber quais são as opções que você pode aplicar segundo a realidade e o contexto da empresa.

Esses formatos e estratégias que compartilhei nesse artigo têm um grande potencial e podem ser aplicados, em sua maioria, com recursos e ferramentas acessíveis.

Espero que eles te tragam a inspiração que você precisava para seus projetos.

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2 Comentários

  1. carlos castillo

    Uma verdadeira aula, isso é o resumo para descrever seu artigo. Valeu Soani! Parabéns mais uma vez pela sua dedicação à disseminação destes importantes – e sempre atuais – saberes. Eu estou sempre atento às suas postagens! Aprendo e recordo a cada leitura! Um abraço.

    Responder
    • Soani Vargas

      Muito obrigada, Carlos!

      Responder

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