O Conteudista no Processo de Design Instrucional

Saiba quem é o conteudista, quais são suas responsabilidades no processo de Design Instrucional, e mais.

Você já deve ter ouvido falar sobre o conteudista, um dos atores do processo de Design Instrucional. Mas você sabia que, muitas vezes, as responsabilidades desse profissional são confundidas com o trabalho do próprio Designer Instrucional?

Neste artigo, você vai conhecer quais são as diferenças entre essas duas funções, e vai encontrar algumas dicas e práticas que podem ajudar a construir seu curso on-line.

Aula Aberta #6 O conteudista no processo de design instrucional

O conteudista é o especialista no tema que será abordado pelo curso. Ele é a pessoa que domina e fornece o conteúdo, além de ser o principal validador.

Já o DI, ele é o especialista na facilitação da aprendizagem, ou seja, a partir do material entregue, é ele quem ajusta a abordagem de acordo com a forma que os alunos aprendem melhor.

Apesar de terem responsabilidades distintas, um complementa o trabalho do outro, por isso, é essencial que haja uma boa relação e que ela seja sempre regida pelo bem do projeto.

Como ter um bom relacionamento com o conteudista?

Você já ouviu a expressão “nós não temos uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão”? Ela se encaixa muito bem nesse cenário.

Para garantir o sucesso do processo, o ideal é que você busque causar uma boa impressão logo no primeiro contato com o conteudista. Então, antes da reunião de briefing:

  • Pesquise: analise o material enviado pelo especialista, e se possível, faça sua própria pesquisa em fontes externas.

  • Elabore uma lista de perguntas: a partir da análise anterior, prepare algumas perguntas e saiba: “o que?”, “por quê?”, “quem?”, “quando?”, “onde?”, “como?” e, quando o conteudista também for o dono do curso, “quanto custa?”.

  • Respeite: ainda que não goste ou não acredite em um tema, respeite o especialista e atenda-o da melhor forma possível — mas, se o assunto fere seus valores, é melhor que você recuse a proposta.

Engaje o conteudista! Boas práticas na construção do projeto

Agora que você já sabe como causar uma boa primeira impressão, vou te apresentar algumas boas práticas para que, em conjunto, vocês desenvolvam o curso.

A comunicação com o conteudista precisa ser transparente e empática desde sempre, só assim o DI pode garantir que não haja resistência ou objeções, então:

#1 – Estabeleça acordos

Defina prazos, conte o que precisa ser entregue pelo especialista, e alinhe as expectativas: O que se espera dele? O que ele pode esperar de você?

#2 – Apresente o processo

Mostre o que o Designer Instrucional faz na prática, o que acontecerá em cada etapa e qual é a importância de cada ação: Por que vocês estão analisando o conteúdo? O que será feito a partir disso?

#3 – Compartilhe referências

Tenha um portfólio ou o catálogo de cursos da empresa em mãos.

Compartilhe suas ideias e mostre exemplos de como pensa em abordar cada parte do conteúdo — no corporativo, isso é chamado de “look and feel”, mas eu gosto de dizer que aqui é quando você “dá um cheirinho” do treinamento.

#4 – Valorize o conhecimento

E, claro, reconheça o especialista. Se ele foi indicado para estar nesse projeto, merece que seu conhecimento seja valorizado.

Com essas práticas, além de educar o conteudista e torná-lo em um conhecedor do Design Instrucional, você também o engaja na causa.

É como se fosse um gatilho de reciprocidade. Você o acolhe no projeto e, em troca, ele te oferece o conhecimento.

Desenvolvendo o melhor treinamento para o aluno

No início desse artigo, comentei sobre a necessidade de questionar o especialista. Essa é uma ótima forma de definir as estratégias que farão parte do curso.

Pensando nisso, reuni algumas perguntas que vão te ajudar a: escolher o conteúdo; orientá-lo na escrita do texto; filtrar os materiais entregues.

5 perguntas para definir o conteúdo:

  1. O conteúdo está finalizado?
  2. Qual a percepção dos alunos sobre esse material?
  3. Há conteúdo complementar?
  4. Esse material requer atualização constante?
  5. O material é perecível?

4 perguntas para orientar a escrita do conteúdo:

  1. O texto está objetivo e conciso?
  2. Todos os elementos necessários estão presentes?
    (conceito, contexto, exemplos, glossário…)
  3. Já passou por revisão ortográfica?
  4. Precisa passar por validação de mais alguém?

5 perguntas para filtrar o conteúdo:

  1. O que é preciso saber para alcançar o objetivo de aprendizagem?
  2. Quais atividades podem ajudar o aluno nesse sentido?
  3. Quais os erros mais comuns nessa operação?
  4. Qual informação não pode faltar no curso?
  5. Quais perguntas os alunos costumam fazer em sala de aula?

4 pontos de atenção para o DI

Durante todo o projeto, há alguns pontos aos quais o Designer Instrucional precisa estar atento:

#1 – Quantidade x Qualidade

O primeiro deles é a qualidade do material entregue pelo conteudista. Lembre-se de que quantidade não é o que ajuda a desenvolver o melhor curso para o aluno.

#2 – Objetivo de Aprendizagem

Ter um objetivo de aprendizagem bem construído é o que traz clareza ao projeto. É isso, inclusive, o que vai ditar a quantidade e a objetividade do material.

Como elaborar objetivos de aprendizagem com a Taxonomia de Bloom

# 3 – Materiais Recebidos

Você pode receber conteúdos em diversos formatos. Em todos os casos, garanta que eles tenham todas as informações necessárias, por exemplo: se for o PPT da aula presencial, peça ao especialista para:

  1. enviar também os materiais complementares (vídeos, provas, etc);
  2. inserir no campo de anotações o que ele fala em cada slide.

 

#4 – Avaliação de Conhecimento


É fundamental que vocês considerem o nível de aprendizagem ao definir o papel de cada um na elaboração da avaliação de conhecimento, por exemplo:

  1. Se o treinamento é técnico e domínio de aprendizagem esperado é elevado, o conteudista será o responsável.

  2. Em outras situações, o DI tem total condição de assumir o desenvolvimento da prova.

A construção deve ser em conjunto, isso significa que enquanto um elabora, o outro apoia e valida o trabalho feito.

#5 – Esclareça a função do DI

Se necessário, lembre-o de que o trabalho do DI não é deixar o PPT mais apresentável, mas aplicar conceitos de Design Instrucional para facilitar a aprendizagem do aluno e alcançar o objetivo de aprendizagem proposto.

O que faz o conteudista na validação do curso?

A validação é uma das últimas interações entre o DI e o Conteudista. Ela acontece em dois momentos: quando o roteiro é entregue, e quando o curso é produzido.

Até aqui, você recebeu o material, fez a análise e, a partir disso, elaborou o roteiro do curso. Agora, é hora de voltar para o especialista e validar a abordagem utilizada.

Na validação do roteiro, o foco sempre será o conteúdo. Tudo pode ser ajustado aqui.

Todos os envolvidos devem participar desse processo: especialista, cliente e áreas que possam impactar no projeto, como o Marketing, o Jurídico e a Comunicação Interna — nesse caso, eles precisam ser envolvidos desde o início.

A validação do curso produzido (disponível por link) é o momento em que o conteudista passa um pente fino no treinamento. No mundo ideal, essa etapa não deveria gerar ajustes.

Espero que este texto tenha ajudado você a esclarecer dúvidas e confusões sobre o assunto.

Precisamos nos empoderar de quem somos como profissionais de Design Instrucional, e ajudar as pessoas a entenderem o que nós fazemos. Conhecer o trabalho do conteudista é um passo em direção a isso, e valorizá-lo é fundamental para o sucesso do projeto.

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