O que é sala de aula invertida?
É uma estratégia de aprendizagem que inverte o modelo tradicional de sala de aula, ou seja, no método tradicional o professor ensina e o aluno resolve problemas depois, sozinho em casa – se você tem filhos, provavelmente é assim que eles estão aprendendo. Na Sala de Aula Invertida, ele estuda o conteúdo antes, sozinho, e resolve o problema em sala com o apoio do professor e do grupo, colocando o conteúdo em prática.
Esse conteúdo prévio geralmente é entregue no formato digital.
Aqui no blog, a gente conversa muito sobre soluções totalmente on-line, mas é importante que você conheça também essa metodologia que pode ser desenhada junto com o pessoal do Treinamento Presencial.
Qual a diferença entre Flipped Classroom e Blended Learning?
Uma sala de aula invertida pode ser um blended, mas um blended não é necessariamente um flipped.
No Blended você tem parte do conteúdo apresentado em aula presencial, parte on-line; e isso pode ser uma trilha de aprendizagem, um complemento, um pré-work ou pós-work.
Pilares da aprendizagem invertida
Gringo curte um acrônimo e, como a metodologia surgiu por lá, os pilares estão fundamentados nas letras FLIP (em inglês, virar):
Principal diferença entre modelo tradicional e a Sala de Aula Invertida
No modelo tradicional de sala de aula o personagem principal é o professor, é ele quem detém o conteúdo, é ele quem fala e expõe o conteúdo para os alunos pela primeira vez. Depois da aula vêm os exercícios para fixação do conteúdo ou resolução de problemas.
Na Sala de Aula Invertida a atenção está centrada no aluno, ele tem contato com o conteúdo antes mesmo de ouvir o professor, o aluno é protagonista de seu aprendizado. O professor é um facilitador do aprendizado e está ali para tirar dúvidas e fomentar discussões.
Taxonomia de Bloom na Sala de Aula Invertida
Nesse post aqui eu falei um pouco sobre a Taxonomia de Bloom; para esse momento de Sala de Aula Invertida eu acredito que a Taxonomia poderia também ser invertida, já que essa metodologia pressupõe muito mais momentos de criação, avaliação, análise e aplicação (que acontecem em sala) e momentos mais curtos de compreensão e recordação (antes da sala).
Vantagens da Sala de Aula Invertida
– não tem “lição de casa”,
– valorização do compromisso do aluno com seu aprendizado,
– engajamento do aluno com o conteúdo por meio de materiais curtos,
– o momento presencial é melhor aproveitado,
– cada um aprende no seu tempo e no encontro presencial estão todos na mesma página.
Desafios da Sala de Aula Invertida
– todos precisam ter acessos aos recursos disponibilizados antes da aula (acesso a vídeos etc),
– não há garantia de que todos tenham acessado o material (entretanto há maneiras de incentivá-lo),
– envolve trabalho prévio de engajamento do aluno; dependendo do recurso de compartilhamento do material, pode inclusive haver um trabalho de cocriação aí (usando por exemplo o Google Classroom ou Fóruns de discussão).
Como implementar a Sala de Aula Invertida
- Começando do começo: entendendo o objetivo, o porquê você quer “flipar” sua aula. Quais os benefícios para seu aluno e para sua empresa? Que valor você está agregando?
Aplicar a Sala de Aula Invertida não é tarefa fácil, então faça valer a pena e tenha as respostas na ponta da língua.
- Comece pelo mais difícil
Escolha um tema que os alunos tenham dificuldade e envie vídeo e/ou texto curtos que expliquem o conceito. Em sala, responda as perguntas, facilite debates e discussões em grupo.
- Esteja certo de que o conteúdo é acessível… não adianta enviar link de um vídeo no youtube se esse canal tem acesso bloqueado na empresa.
- Comece pequeno! Não precisa partir de uma disciplina inteira, tente a partir de um tema…
Boas práticas em Sala de Aula Invertida
– faça um piloto (escolha bem o grupo),
– esclareça a proposta ao grupo,
– pré-work deve ser realizado na empresa,
– atente-se às questões técnicas,
– combine as “consequências”,
– busque um parceiro “evangelizado”.
Vivemos o modelo tradicional há séculos e pode haver alguma resistência, tanto por parte do aluno quanto por parte do instrutor, então reforço e adiciono mais algumas dicas para facilitar a mudança dessa cultura:
1- Faça um cronograma
Não basta ter a aula e os materiais prontos, é preciso ter um cronograma que contemple:
– data de envio do conteúdo para o aluno,
– quando serão enviados os lembretes,
– data da aula.
Em geral, esse processo leva ao menos 1 mês.
2- Gestão da mudança
Nem todo mundo gosta de mudança e temos tendência a rejeitar o que não conhecemos, então divulgue os ganhos que o aluno terá com esse novo modelo de sala de aula.
Depois da aula, colha depoimentos e divulgue-os.
3- Organização da sala
O ambiente deve proporcionar a troca de conhecimento… nada de dispor as cadeiras no formato tradicional!
4- Garanta que todos tenham acesso ao material disponibilizado
Verifique se a área de TI não bloqueia nenhum dos recursos.
5- Envolva os alunos no tema antes mesmo do encontro
Crie grupos de discussão, no Facebook, Whatsapp
6- Considere gamificar sua aula
7- Oriente os estudos
Pode parecer óbvio, mas ensine seu aluno a assistir vídeo ou ler um documento: oriente-o a primeiro ler/assistir todo o conteúdo, depois ler novamente tomando notas e, por fim, um terceiro olhar adicionando informação à anotação. Se ele fizer isso, o momento em sala será rico-riquíssimo!
8- Exija provas!
Alunos sempre serão alunos, certo? Se eles não tiverem que comprovar que leram algo, eles não o farão. Considere o uso de algumas ferramentas que conduzam o aluno à leitura, como: perguntas que ele gostaria de esclarecer no encontro presencial, um quiz rápido no início da aula, peça que compartilhem o que entenderem do material enviado.
– mas, assim, eu não estou expondo o aluno?
Bom, o papel dele é fazer o papel dele, sim? De qualquer forma deixe as regras claras e deixe claras as consequências do não cumprimento dos acordos.
9- Não traga o conteúdo prévio para a sala de aula
Isso confirma que não era necessário ter acessado o conteúdo para quem não o fez, desacreditando a metodologia. Você pode resgatar ou resumir o que foi disponibilizado, mas não trazer o mesmo material para a sala de aula.
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